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Como los ares del bandoneón

13.maio.2010
Buenos Aires

Buenos Aires

Vuelvo al Sur como se vuelve siempre al amor.
Gotan Project.

 

Desde de que pisei naquela cidade nada, nunca mais foi o mesmo. Nem meus dedos, nem meus olhos, nem meu nariz. Nada. Meus cabelos estranham cada dia de umidade que ainda tenho que enfrentar até conseguir entender que minhas moléculas foram alteradas pelo ar frio de um lugar. Se tive um lar ou se tenho um lar, não sei. Mas toda vez que o verbo “voltar” chega a ponta da minha língua o que o acompanha não é meu passado distante, mas sim o passado depois de meus pés terem pisado o chão dessa cidade que modificou minhas moléculas.
Uma cidade que ativamente modificou minha maneira de olhar e de falar. Mudou meu comportamento. Agora ando por outras ruas de outra cidade sentindo cheiros que não são daqui, gostos que não são daqui, numa saudade física que machuca por dentro e me faz chorar com os braços, com a língua. Meus olhos perdidos ficam em busca de um céu azul que não seja tropical, um asfalto que não seja este, cheio de borracha e vidro, cheio de pés e marcas de roda.
Busco pessoas que respeitem meu silêncio e se entreguem às minhas lágrimas, por mais que se mantenham pra sempre distantes de mim. Quero o céu do avesso de cores no chão e escuridão no topo. Sem lua, sem chuva, com ventos frios e rajadas de pessoas pelas ruas. Sonho com as entranhas dessa cidade com a mesma forma com a qual desejo seus braços de rio.
Já não suporto mais não sentir aqueles cheiros, aqueles ares frios. Há dias em que não aguento levantar porque me sinto tomada por outro jeito de falar que ninguém mais entende. Quero levantar e abrir uma porta que não seja a minha. Quero um quarto com janela com mar de prédios e mar de azul. Mar sem nuvens.

Te quiero, Sur.

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No More Tears

12.maio.2010
Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa da minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava
chorava por causa do shampoo
depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos
no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas têm cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um berço
sem uma lágrima
fechada à chave na casa de banho
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos grande
mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar

Adília Lopes

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Falling

05.maio.2010

Muddy old man, hiding in his hood
Hunched in the shadows reading a book on Marilyn
Smiling to himself.

Pan-stick punk in black on black
Big buckled boots and a little pink rat called Josephine
Always by his side.

Everybody wants to be in love.

London lad, he’s all loved up
Lying face down in the rain and kissing the sidewalk
So passionately.

Teenage mama, pushing a pram
Dragging on a cigarette, hollers at her boyfriend
“Johnny, were have you been?”

Everybody wants to be in love.
Everybody wants to be in love.

Two sweet boys, so entwined
Make time stand still in the middle of Hoxton Square
Kissing in a wheelchair.

High Road Rasta man, waiting for a cab
Sings to his lady in the chill of a crazy night
“Don’t give up the fight…”

Everybody wants to be in love.
Everybody wants to be in love.
Wants to be in love.
Wants to be in love.
Wants to be in love.
Wants to be in love.
Wants to be in love…

Everybody wants to be in love.
Everybody wants to be in love.
Everybody wants to be in love.
Everybody wants to be in love…

Sweet Tooth – Everybody wants to be in love